sábado, 27 de abril de 2013

Sobre amores e sazón


Eu tenho uma amiga que diz que eu só sei escrever sobre marido/namorado/amor e afins. Ao me sentar para compor esse post percebi - um tanto desconcertada - que talvez ela tenha razão. (Pare de comemorar, Ana)
Hoje, porém, não vim mostrar a minha faceta romântica mas a minha, vamos chamar assim, visão racional a respeito do amor. Uma dose de realismo de vez em quando não mata ninguém.

Meu status de relacionamento sempre foi o mesmo: solteira, assim desde que nasci. Por mim, tudo bem, mas tenho que dizer que me espanta ver o assombro com que algumas pessoas são acometidas ao me ouvirem dizer tal coisa. Então lhes pergunto: Qual é o problema em não ter tido um namorado na vida? Aliás, qual é o problema em não querer ter um?

Nós, sobretudo as mulheres, somos bombardeados o tempo todo pela mídia que diz que devemos ir em busca do parceiro ideal e assim, ser feliz. Hollywood gasta milhões de dólares todos os anos para produzir filmes que mostram que passar o Valentine's Day sem um par é uma derrota das grandes. E então me preocupo com essa tendência atual de ir atrás de um romance a qualquer custo.

Uma pressa, uma corrida veloz (e feroz!), um desespero para não ser quem vai ficar de pé na dança das cadeiras do amor. Até nisso o século 21 me deixa sem fôlego! Slow down, please!

Além daquela que citei no primeiro parágrafo, tenho outra amiga que quer me casar de qualquer maneira. Rio sempre quando ela vem me mostrar a foto de algum amigo solteirão para saber o que eu acho. "E aí? Ele é bonitinho, não é?". A resposta é sim, sempre é sim (você tem um bom gosto, Carol). "Mas não, obrigada", agradeço, sempre agradeço.

A atitude é simpática, fofinha até, mas mal sabe ela que termina com um tiro no pé uma vez que me faz querer mais ainda permanecer do jeito que estou. O meu post de fevereiro é a prova de que não quero morrer solteira, então se você já assinalou com um 'x' a opção 'Naiara é uma feminista maluca que odeia os homens', pode pegar agora uma borracha para apagá-lo. Se você marcou de caneta, passe liquid-paper, por favor (por favor!).

Não estou querendo dizer que tenho algo contra relacionamentos, muito menos levantando a bandeira da solidão. Tudo o que busco com esse texto é uma humilde reflexão de como as coisas estão se dando hoje em dia, e como não é algo bonito de se ver.

Vocês não acham que passar o tempo em que se está sozinho pensando em como seria caso estivesse acompanhado um grande desperdício? Aproveite o tempo em que se está solteiro para conhecer a si mesmo. Leve você a encontros pela cidade. Descubra 1) seu sabor de sorvete favorito em cada sorveteria da redondeza; 2) se gosta mais de literatura russa ou inglesa, ou nenhuma das duas; 3) seu lugar favorito para assistir ao pôr-do-sol... Enfim, descubra o que te faz feliz e o que não. Acredito que fazendo isso, diminuímos em muito os desgastes que acometem às relação amorosas entre pessoas que conhecem pouco a si mesmas.
"Eu mal conheço os meus limites, mas aqui estão os que eu imponho a você".
"Eu não sei bem o que eu quero da vida, mas sei que quero que você me faça feliz agora, e se possível, o tempo todo".
"Eu nunca descobri se gosto mais dos filmes do Godard ou do Woody Allen, mas bem, agora não vou conseguir descobrir porque estou muito ocupado mandando sms para você a cada 30 minutos".

Tenho certeza que deve ser delicioso aprender muitas coisas em conjunto com quem você ama, mas só depois de passar pelo ciclo básico para curtir coisas novas com você e só você.
Quem não consegue ficar muito tempo sozinho não gosta da companhia de si mesmo.

Estou tão contente aprendendo coisas novas a cada estação que não ouço os cochichos da sociedade me dizendo que todas as minhas amigas estão namorando, menos eu, que já tenho 20 anos e "o momento é agora".

Você, meu futuro namorado, saiba que não estou no vermelho querendo suprir uma carência ao me relacionar com você. Estou tão bem comigo mesma que tudo o que você tem a me oferecer é lucro. E é por isso que vou te amar, porque mesmo amando muito a minha companhia, você acentuará o sabor da vida que já existe, sabor que já experimento todos os dias.

Hmm! Acho que vou ao cinema. Sozinha, é claro - mas só por enquanto.

(Inspirado nas mil e uma conversas com uma terceira amiga, Manu, parafraseada em algumas partes do texto. Dedico esse post a você, fonte de inspiração todo santo dia. I love you)

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