terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

E eu sigo esperando

Chove muito em São Paulo agora. A chuva caindo gelada e feroz no chão me acalma. Ela, a luz dos relâmpagos, seguida dos estrondos altos dos trovões, me fazem pensar em alguém que ainda não conheço, mas que amo desde já.

Sonho conosco fazendo uma viagem de carro pelo litoral juntos, com braços entrelaçados de um jeito desconfortável porque você estaria dirigindo. Eu falaria alguma besteira só para ouvir a sua risada, e guardaria essa sinfonia na mente por muitos anos. Você acariciaria o meu rosto e diria o quanto gosta das minhas pintinhas. Eu contemplaria o céu azul profundo e agradeceria a Deus por ter me dado você.

Sonho conosco deitados no telhado, você brincando com os meus dedos enquanto eu admiraria as estrelas da Via Láctea. Você me perguntaria o que eu estaria pensando, e eu te diria que nos imaginava no futuro com os nossos filhos. Eu, tomando chá mate na varanda, observando você rindo com o mais velho, você mostrando uma minhoquinha enterrando-se na terra à única menina do grupo que usava uma coroa, você desenrolando a capa de super-herói do filho mais levado, você beijando a testa e sentindo o cheirinho atalcado de bebê do mais novinho. Você, suado e sujo de grama e terra, me olharia e sussurraria um “Eu te amo” mudo e penetrante que, como espada de dois gumes, atravessaria meu coração, minha alma e se instalaria no mais profundo do meu ser, de onde nunca sairia, e um arrepio gélido percorreria meu corpo. Aquela sensação do primeiro encontro.

Um grande relâmpago corta o céu. Depois ouve-se o barulho ensurdecedor de um trovão que abala as paredes de tijolos vermelhos, encharcados com a chuva.

Você me diria que eu sou como o relâmpago, e você, o trovão. Primeiro eu. Depois você. E sempre juntos.

Se você for tudo isso que imagino, se for real, se estiver em algum lugar deste mundo neste momento, saiba que eu te aguardo. Com uma dor de curiosidade no peito, te aguardo. E quando você chegar, tatuarei a imagem do seu rosto no meu coração, que já reserva um lugar grande e infinito para você.

(texto escrito em 12 de janeiro de 2011)

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Título da postagem: título do blog

"Alô? Há alguém aí?"

De vez em quando, a famosa vontade de escrever vem sobre mim, mas nada faço eu. Nada faço eu temendo dizer besteiras. Nada faço eu temendo ninguém ouvir. Nada faço eu temendo, e temendo... e de novo, temendo sufocar em meio a tantas palavras nunca ditas, "sala de espera" chegou.

Não há razões bonitas para esse título. Acontece que por mais que eu tente, escrever nunca foi uma tarefa fácil para mim. Não se engane, tenha a absoluta certeza de que eu amo escrever como a certeza de que o sol nasceu hoje. Apesar disso, conjugar tal verbo sempre me arranca algumas gotas de sangue.
E então a vontade vem, e eu a amo. Amo tanto que sentí-la me basta. Mas quando penso em obedecê-la, sento-me à cadeira de frente ao computador e espero a mente processar o que inquieta a sonhadora alma. Às vezes por longas horas, deliberadamente espero. Nada pode vir, mas se algo vier... Ah, se algo vier!